Maestrina ao abordar os sentimentos humanos, Lygia Fagundes Telles revela o interior de seus personagens como uma música: compõe as melodias doces no andamento adágio, quando quer ser lenta e minuciosa nos seus detalhes descritivos; allegro quando quer revelar sensações de felicidade e êxtase interior de suas figuras; ou andante, bem compassado, que inebria e prende o leitor até o final de suas narrativas. “Apertou os maxilares nua contração dolorosa. Conhecia esse bosque, esse caçador, esse céu – conhecia tudo tão bem, mas tão bem! Quase sentia nas narinas o perfume dos eucaliptos, quase sentia morder-lhe a pele o frio úmido da madrugada, ah, essa madrugada”! Este é um trecho do conto “A caçada”, no qual a escritora suscita a expectativa do leitor até o final do texto, tecendo as inquietações da mente do personagem e conquistando quem lê.
Com o dom de grandes composições literárias e regendo a palavra com tamanha sabedoria, Lygia só poderia ser destaque no mundo das letras. A construção de sua carreira começou em 1938 com a publicação de seu primeiro livro de contos, “Porão e Sobrado”. Tal obra foi incentivada pelo pai, influente advogado do interior paulista. Nascida
Anos mais tarde, já pelos idos de 50, Lygia assinala sua transição para uma produção literária mais rica e madura, escrevendo o romance “Ciranda de Pedra” publicada em 1954, que inspirou a primeira versão da novela em 1981, e a atual que recebe o mesmo nome. Durante a década de
A famosa obra “Antes do Baile Verde” é a reunião de contos escritos entre os anos de 1949 e 1969, mas publicados somente em
Em 1977 Lygia publica outra referência para seu cabedal literário, a coletânea de contos “Seminário dos Ratos”. A obra carrega traços inconfundíveis da literatura fantástica, como o conto “As Formigas” que fala da história inusitada de um esqueleto emoldurado por formigas num quarto de pensão. O conto-título da obra também comprova a composição harmônica da autora para revelar o mundo camuflado da podridão política e burocrática.
Em 1985, Lygia Fagundes Telles é eleita como membro da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira 16, fundada por Gregório de Mattos. Mais recentemente, conquistou o Prêmio Camões, um dos mais importantes da literatura portuguesa brasileira.
Lygia é uma das peças referenciais para a Literatura Brasileira. Com a ousadia de uma escrita intimista e ao mesmo tempo reveladora, ela compôs dez livros de contos, quatro romances, um livro de memórias e um roteiro de cinema, mostrando a pluralidade do seu trabalho e a habilidade quando o assunto é a palavra.
Um comentário:
Ótimos textos neste espaço. Muito Bom conhecer este blog!!Voltarei,Rsss
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