Riqueza e miséria, crescimento desordenado dos centros urbanos, mudança radical nos meios de transporte e comunicação, grande avanços científicos. A Revolução Industrial transformou a face da Europa e trouxe consigo a urgência de uma nova estética, capaz de refletir esse processo. O Realismo nasce para responder a essa necessidade.
* Um paradoxo capitalista: desenvolvimento e miséria
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As transformações sociais exigiam novas maneiras de explicar a organização de mundo capitalista. Diferentes doutrinas surgiram para responder a esse desafio. O inglês Adam Smith acreditava que, uma vez removidas todas as restrições ao comércio e ao capital, o desenvolvimento econômico aconteceria de modo natural. Para ele, um Estado liberalista tinha a função de preservar a lei, manter a ordem e defender a nação. A proposta do liberalismo da não-intervenção estatal da economia foi associada a uma expressão francesa, laissez-faire, que pode ser traduzida como “deixar passar”.
O economista Thomas Malthus afirmava que a pobreza era uma espécie de lei natural, ainda que cruel. Para ele, o descompasso entre o crescimento populacional e a produção de alimentos gerava um estado de pobreza permanente e inevitável. Com base nessa justificativa “científica”, alguns setores da sociedade passaram a condenar ações governamentais que tivessem como objetivo ajudar os pobres.
Karl Marx, interessado pelos processos históricos, procurou identificar, no estudo das relações de trabalho e de produção, fatores que determinavam as condições de vida de seus contemporâneos. Juntamente com Friedrich Engels, Marx lançou o “Manifesto Comunista”, em 1848, obra a qual afirmava que o sistema capitalista oprimia as pessoas e as condenava à miséria. Segundo eles, o capitalismo condenava o proletário à pobreza porque a classe de maior poder econômico – a burguesia – também controlava o Estado, valendo-se de seu poder político para explorar trabalhadores e aumentar suas propriedades. Acreditavam q a sociedade resultante da revolta do proletário seria mais igualitária. As pessoas, livres, trabalhariam em conjunto pelo bem comum. Era esse o sonho comunista que prometia uma vida mais digna e justa para todos os cidadãos.
Realismo: a sociedade no centro da obra literária
A realidade das máquinas, dos transportes e das novas teorias sociais torna inviável a visão de mundo romântica, que projetava o indivíduo e seus dramas sentimentais o centro do universo. Os artistas, como pessoas do seu tempo, procuraram um novo parâmetro de interpretação da realidade. Foi assim que a objetividade ocupou o lugar do subjetivismo romântico e a valorização desmedida da emoção foi abandonada. Em lugar de tratar dos dramas individuais o olhar realista focalizará a sociedade e os comportamentos coletivos. Como estética literária, o Realismo procura analisar a nova organização social e econômica, detectando suas causas e denunciando suas conseqüências.
Os objetivos que norteiam toda a literatura realista: produzir, por meio da arte, uma representação da realidade que permita condenar o que há de mau na sociedade. O desejo de pintar a anatomia do caráter humano se explica pela necessidade de compreender a origem de práticas e comportamentos sociais negativos. Para fazer essa análise, os escritores realistas adotarão a razão e a objetividade como lentes através das quais observam a realidade. O que revelam é uma burguesia hipócrita e fútil, que explora o proletariado enquanto professa o amor à justiça e à igualdade. Esse comportamento será denunciado em boa parte dos romances escritos nesse período.
Um comentário:
Texto muito bom ! Parabéns !
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